Conheci o projeto Kàjre como ouvinte no Festival Criativos por Tradição, promovido pela Artesol em 2022. Fiz contato depois com o presidente da associação Gustavo Xohtyc Krahô e iniciamos o processo de desenvolvimento de quatro bolsas e quatro colares. O colar memórias parte da ideia dos acúmulos de saberes, histórias e vivências, nele há um punhado de sementes do cerrado, das mais diversas como a tiririca, semente chapéu japonês, cabeça de formiga e outras, que se ajuntam e formam o jabuti e o jacaré. A realização das pecas feitas em tiririca começa muito antes da confecção, o trabalho minucioso começa com a coleta da tiririca realizado pelas mulheres, levando duas semanas entre os processos de colheita, torra, perfuração e confecção dos colares.
A bolsa para carregar histórias partiu da vontade de misturar mais ainda técnicas e materiais, trazendo as miçangas e a tiririca para junto da palha de buriti com os fios de tucum que tecem as bolsas. Daí a ideia foi juntar também através das alças o trabalho e saberes femininos também para o desenvolvimento das bolsas, pois o trançado em palha é um saber realizado pelos homens, assim as bolsas também passaria por diferentes mãos.
As alças tiveram sua referência para construção nos cintos de miçangas usados para correr em eventos como a corrida de tora, estes cintos de miçanga são construídos com faixas laterais tecida com fios de algodão ou tucum com contas de miçangas seguindo a técnica do entretecido formando padrões. Os padrões utilizados parte dos motivos do jabuti, da cascavel, da jiboia e outros criados pelas artesãs no ato do tecer.
Colares concebidos pela artesã: Xopê Krahô
Alças concebidas pelas artesãs: Hômjaka e Amxykwy
Bolsas concebidas pelos artesãos: Röhcukre e Kopcahàc
Desenvolvimento em conjunto com a Associação Centro Cultural Kàjre, mediado pelo presidente Gustavo Xohtyc Krahô. Projeto sem fins lucrativos: o valor cobrado pelos colares e bolsas comercializados no site da PANO não tem acréscimos de markup. Os valores exibidos são os custos que foram calculados pela Associação Centro Cultural Kàjre.
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A Associação Centro Cultural Kàjre é o braço jurídico da aldeia Pedra Branca, etnia Krahô, criada para promover a manutenção e registros da cultura, promover e viabilizar práticas educacionais tradicionais, sempre em dialogo com outros saberes, promover a orientação ao uso de técnicas sustentáveis de produção de alimentos, promover a gestão e manutenção do território na luta pela justiça climática, promover e gerir a comercializar do artesanato e colaborar pela governança da própria aldeia sendo uma instância indispensável à todas as discussões internas sobre o Bem Viver Krahô.


